domingo, 6 de novembro de 2011

O DIÁLOGO

Publish at Calaméo or browse others.






Lê e repara neste diálogo
da autoria de Camilo Castelo Branco

sábado, 5 de novembro de 2011

A propósito do conto de autor - "Jesus"

O AUTOR


















OS BICHOS
Livro de contos escrito em 1940 



Um livro de contos onde Torga apresenta indiferenciadamente homens e animais, unidos pelos mesmos instintos primários de sobrevivência, atribuindo a estes sentimentos humanos e retirando àqueles a solidariedade.     
                                                                                                                       
 Surgem animais com sentir humano e vice-versa. Uma irmandade entre homens e animais.                                                                                                                                                     










O Prefácio deste livro de contos

Querido leitor:

 São horas de te receber no portaló da minha pequena Arca de Noé. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente cumprimentar-te uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grato e correcto.


Este livro teve a boa fortuna de te agradar, e isso encheu-me sempre de júbilo. Escrevo para ti desde que comecei, sem te lisonjear, evidentemente, mas tanbém sem ser insensível às tuas reacções. Fazemos parte do mesmo presente temporal e, quer queiras, quer não, do mesmo futuro intemporal. Agora, sofremos as vicissitudes que o momento nos impõe, companheiros na premente realidade quotidiana; mais tarde, seremos o pó da história, o exemplo promissor ou maldito, o pretérito que se cumpriu bem ou mal. Se eu hoje me esquecesse das tuas angústias e das minhas, seríamos ambos traidores a uma solidariedade de berço, umbilical e cósmica; se amanhã não estivéssemos unidos nos factos fundamentais que a posteridade há-de considerar, estes anos decorridos ficariam sem qualquer significação, porque onde está ou tenha estado um homem é preciso que esteja ou tenha estado toda a humanidade.


Ligados assim para a vida e para a morte, bom foi o acaso te fizesse gostar destes Bichos. Apostar literariamente no provir é um belo jogo, mas é um jogo de quem já se resignou a perder o presente. Ora eu sou teu irmão, nasci quando tu nasceste, e prefiro chegar ao juízo final contigo ao lado, na paz de uma fraternidade de raiz, a ter de entrar lá solitário como um lobo tresmalhado. Ninguém é feliz sozinho, nem mesmo na eternidade. De resto, um conto que te agradou, tem algumas probabilidades de agradar aos teus netos. Porque não hão-de eles tirar ninhos quando forem crianças? E, se tal não acontecer, paciência: ficarei um pouco triste, mas sempre junto a ti, firme, na consolação simples e honrada de ter sido ao menos homem do meu tempo.


És, pois, dono como eu deste livro, e, ao cumprimentar-te à entrada dele, nem pretendo sugerir-te que o leias com a luz da imaginação acesa, nem atrair o teu olhar para a penumbra da sua simbologia. Isso não é comigo, porque nenhuma árvore explica os seus frutos, embora goste que lhos comam. Saúdo-te apenas nesta alegria natural, contente por ter construído uma barcaça onde a nossa condição se encontrou, e onde poderemos um dia, se quiseres, atravessar juntos o Letes, que é, como sabes, um dos cinco rios do inferno, cujas águas bebem as sombras, fazendo-as esquecer o passado.






Teu



Miguel Torga




(Miguel Torga. «Prefácio». Bichos, 17ª ed., Coimbra, 1987 [1940









Um conto... um protagonista





§ Nero: pequeno cão que, enquanto era pequeno, era adorado e querido por todos, mal cresceu, passou a ser indiferente e, velho,  acabou por morrer de solidão.



§ Mago: gato ao qual lhe foi tirada a liberdade por uma senhora; consequência: desdém por parte dos amigos de Mago.



§ Madalena: humana grávida que tentou fugir da sua aldeia, acabando por abortar pelo caminho.




§ Morgado: burro de carga que, quando ficou velho, perdeu grande parte da sua força e rapidez e, por tal razão, foi abandonado.



§ Bambo: sapo charmoso que se achava muito entendedor da vida.




§ Tenório: galo que, enquanto jovem, cantava bem e era galado por todos; na velhice, serviu de jantar!






§ Jesus: menino que subiu a um enorme cedro para ver um ninho, com um beijo fez nascer um pintassilgo.
No conto «Jesus», poderemos encontrar a noção de felicidade, o amor, a ternura, o encantamento, a ingenuidade, a pureza, o respeito...





§ Cega-rega: formiga temerosa do Inverno.



§ Ladino: pardal manhoso e matulão, mas que, inicialmente, tivera medo de voar.




§ Ramiro: cordeiro que mata a ovelha amada, despropositadamente.



§ Farrusco: melro vivente de dias agitados, mas assim que se aproximava o lusco-fusco adormecia logo.



§ Miura: mais um touro protagonista da desgraçada morte que esta raça animal sofre nas touradas.



§ Senhor Nicolau: homem que coleccionava, estudava e embalssamava insectos; já em criança os adorava.




§ Vicente: corvo que conseguiu alcançar a liberdade.







A PROPÓSITO DO ESTUDO DO CONTO «JESUS»


  • A Tua opinião...
Sobre este conto dois alunos têm duas opiniões diferentes:

Aluno X - Julgo que o menino irresponsável não deveria ter subido ao enorme cedro. Correu um grande perigo, não pensou nos riscos e no susto que causaria aos pais.

Aluno Y - Na minha opinião, o menino inocente deixou levar-se pela  curiosidade e, assim, pôde descobrir o ninho, assistindo ao nascimento de um pintassilgo, que o calor do seu beijo ajudou a nascer.


  • Diz com qual das opiniões concordas, justificando a tua opção.






TRIBUTO A MIGUEL TORGA por Ivo Machado  na EBI Arnoso Santa Maria no passado dia 17 de Novembro